OS ESCRITORES AMERICANOS AMAM PARIS
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“A cada viagem que faço, é sempre a Paris que sonho retornar.”
Henry Miller

“Temos uma saudade terrível de Paris.”
Ernest Hemingway

“[Paris e a França constituíam] o pano de fundo natural para a arte e a literatura do século XX.”
Gertrude Stein

Por que tantos escritores americanos, entre os melhores de sua geração, se exilaram em Paris no período entre a Primeira e a Segunda Guerra Mundial? Como era a vida cotidiana, social e intelectual na capital francesa? O que encontraram lá, que não havia no outro lado do Atlântico?
Estas são algumas das perguntas de que trata o livro “Paris dos escritores americanos” que a LP&M Editores acaba de lançar com tradução de Joana Angélica d’Avila Melo. Ralph Schor, historiador especialista em história contemporânea, relata como era a capital francesa aos olhos dos escritores norte-americanos que lá buscaram abrigo. E também aos olhos de outros artistas e intelectuais que participaram dessa efervescência cultural, como o irlandês James Joyce e a francesa Anaïs Nin. A Cidade Luz é revelada em todo seu esplendor humanista e inovador, como um laboratório para as vanguardas do mundo todo.

Leia um trecho do livro:

John Steinbeck, estabelecido em Paris em meados dos anos 1950, dizia que sua estada era “feita de encantamento” e acrescentava que “nenhuma cidade foi mais bem amada nem mais festejada”.
De fato, seus compatriotas do entre guerras, para nos limitarmos aos escritores desse período, teceram à Cidade-Luz uma série de elogios particularmente rica.

Ernest Hemingway, por exemplo, em 1923 escreveu de Toronto à sua amiga Sylvia
Beach: “Temos uma saudade terrível de Paris”. Sylvia Beach afirmou: “Eu não queria deixar esta cidade. Gostava tanto dela que, ao pensar em permanecer aqui e, por minha vez, me tornar parisiense, não hesitei mais”.

Henry Miller multiplicou as declarações de amor por essa grande urbe, que ele denominava
“umbigo do universo”: “A cada viagem que faço, é sempre a Paris que sonho retornar” ; “Mais valia ser um mendigo em Paris do que um milionário em Nova York”.

John Glassco revelou que, em Paris, tinha a “impressão de haver de algum modo chegado
à sua casa”.

O poeta William Carlos Williams, normalmente ponderado, experimentou ainda assim “uma paixão por Paris”, chegando a se perguntar se podia se instalar na cidade e exercer ali sua profissão de pediatra.

Hugh Guiler, o marido de Anaïs Nin, banqueiro de profissão, recusou uma promoção em Nova 
York porque sua esposa e ele mesmo gostavam tanto da capital francesa que preferiam continuar lá, embora isso fosse prejudicial à carreira de um homem de negócios.

Paris inspirou outras apreciações elogiosas, antes e depois de 1945, apreciações que, aliás, não foram monopólio dos escritores. Por exemplo, em 2011, o cineasta nova-iorquino Woody Allen, em seu bem-sucedido filme Meia-noite em Paris, ao fazer reviverem Ernest Hemingway, Scott e Zelda Fitzgerald, Gertrude Stein, Djuna Barnes, assim como os amigos deles Cole Porter, Picasso, Matisse, Dalí, Buñuel, Man Ray, quis prestar uma homenagem consistente à Cidade-Luz e ao brilho da vida cultural
que ali se desenvolveu durante os anos 1920.

 

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