SACRAMENTO NO JORNAL10
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Em Sacramento, um passeio e uma gruta de tirar o fôlego
Carlos Franco (reportagem publicada no Jornal 10 no dia 14 de agosto de 2021)
Em tempos de pandemia Covid-19, os passeios ao ar livre e com distanciamento social ganharam mais espaço na agenda de todos. Muitos não sabem, mas a apenas 178 quilômetros de Uberlândia está a cidade de Sacramento. Em suas imediações, está uma gruta de tirar o fôlego, não pela falta de ar, que nela é puro, mas por sua beleza. A Gruta do Palhares cada vez mais atrai turistas. É um passeio deslumbrante com um atrativo a mais: é a maior gruta de arenito da América Latina. Tem 22 metros de altura e 450 metros de profundidade, oferece um eco monumental das vozes e exibe em toda a sua extensão cores exuberantes da sua formação rochosa.
E se na região tem uma gruta tão especial, a cidade de Sacramento também possui cachoeiras de grande e rara beleza, entre elas a Azulim, da Parida e do César. A Parida fica localizada na borda do Parque Nacional da Serra da Canastra, entre os municípios de Tapira, Sacramento e São Roque de Minas. De um pequeno cânion incrustado nas rochas, brotam duas quedas d’água que formam um grande poço de águas profundas e cristalinas. Ali fica a Cachoeira da Parida. As águas dessa cachoeira serpenteiam pelas pedras e formam uma segunda queda d’água, mais abaixo, que cai em uma segunda piscina, também profunda e de águas verdes, chamada de “Poço do Macaco”.
O nome vem do formato da pedra que fica do lado esquerdo da queda e que lembra um macaco (embora muitas pessoas digam que enxergam ali uma pedra com forma de urso ou de um tubarão). Essas águas cristalinas deságuam no Rio das Velhas, que depois se transforma no Rio Araguari abastecendo de vida a região do Triângulo Mineiro.
Um passeio de grande beleza e ao ar livre.
Um casarão repleto de história
A cidade de Sacramento teve o início de sua formação no século 18, quando desbravadores cortavam o Brasil em busca do ouro. Foi nesse território que ergueram a capela do Santo Sacramento que dá nome ao município. Hoje, a labuta de sua gente para a construção de uma vida melhor está resguarda num imenso casarão colonial , o Museu Histórico de Sacramento que abriga fotos, objetos e reconta um pouco o estilo de vida dos seus primeiros moradores. O casario colonial, tão típico dos primeiros portugueses que povoaram o Brasil, ainda está preservado em Sacramento que oferece em suas ruas centrais e ao ar livre um passeio de rara beleza. Em tempos de pandemia, mesmo ao livre é preciso usar máscara e carregar um álcool em gel para manter as mãos limpas, depois de tocar em alguma coisa. Preservar a vida é fundamental para que todos possamos preservar o patrimônio público como o que Sacramento oferece aos seus visitantes.
Carolina Maria de Jesus: a dama de Sacramento.
Quem visita a cidade de Sacramento encontra logo várias referências à escritora Carolina Maria de Jesus que neste ano de 2021 ganhou o título de Doutora Honoris Causa da Universidade de São Paulo (USP), a maior honraria oferecida pela universidade. Negra, Carolina nasceu numa família pobre em 1914 e decidiu fazer as malas e partir para São Paulo. Lá não encontrou o paraíso, ao contrário, se viu morando em favela e catando lixo, mas com fé em Deus e no seu esforço, aprendeu a ler e a escrever. Numa visita à então favela do Canindé, em 1958, o importante jornalista Audálio Dantas, ficou encantado com o diário que ela escrevia sobre a sua vida em São Paulo. Este diário deu origem ao livro “Quarto de Despejo” que logo tornou-se sucesso no Brasil e no exterior. Em 1977, Carolina Maria de Jesus morreu, mas sua obra permanece viva, tanto para orgulho dos brasileiros como e, sobretudo, da pequena cidade de Sacramento. Carolina é um exemplo de dignidade capaz de vencer obstáculos.
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